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Um grande desabafo

por Marina Araújo

Olá gente! Quanto tempo! Como vocês devem ter percebido, eu estive sumida por um tempo, tanto aqui quanto no youtube. Mas eu avisei no facebook que eu tinha pego uma gripe muito forte que impossibilitou-me de fazer algumas coisas. E essa gripe juntou com fim de período aí vocês já viram né?! Adeus mundo, adeus vida.

Pois bem, passei por fim de período como muitos de vocês. Virei noite, fiz o meu máximo (como muitos de vocês). O meu professor mandou um email para a turma avisando que teríamos a apresentação do projeto da terça feira (ontem) e que teríamos na banca um professor convidado para criticar os projetos, sendo esta uma oportunidade ÚNICA de crescimento e aprendizado. O que eu achei? Ótimo! Teríamos uma tarde de discussões e opiniões válidas, muitas delas vindas provavelmente do professor convidado.

Como de costume gastei um bom tempo diagramando as pranchas (8 no total) e virei de segunda para terça. Me pesei na terça e vi que tinha perdido quase 1,5 quilos. Muito tempo trabalhando, pouco tempo comendo. Rotina típica de um aluno do curso de arquitetura. Coisa que apesar de que não deveria ser, é considerada normal no curso de arquitetura.

O projeto que eu tinha para apresentar tratava-se de um projeto de um Edifício Comercial. Ele havia sido feito em grupo, com mais duas pessoas que eu muito admiro. Estas pessoas também haviam virado a noite comigo, dado o seu melhor, se esforçado para que o projeto fosse o mais longe possível em termos de arquitetura e apresentação tendo em vista o tempo que havíamos tido para fazê-lo.

Bancas: a nossa rotina final de cada período!

Bancas: a nossa rotina final de cada período!

Pois bem, chego eu na sala e começo a assistir as apresentações dos meus colegas de classe. Muitos projetos bem apresentados. Alguns com alguns problemas de circulação, acessos e outras questões relacionadas ao projeto em si. Mas estávamos ali para discutir sobre os projetos. Se não tivessem problemas não teria sentido estarmos ali. Vi uma apresentação atrás da outra e nada de nenhum aluno falar nada. Comecei a perceber que o “professor convidado” estava agindo como dono da verdade, dizendo frases como “este projeto, de fulano de tal: isto não funciona. Isto é péssimo.”. Além de coisas como, na hora da apresentação, interromper o aluno e dizer “essa saída aqui, para onde a pessoa vai? Não tem saída aqui?…” então havia um silêncio na sala. “Este shaft, o que é isso? A lateral do shaft é na fachada?”. E então um grande silêncio. O aluno deveria ter respondido. Mas não respondeu. Porquê?

Porque simplesmente aconteceu a situação que acontece na maioria das nossas faculdades de arquitetura: professores que se acham no direito de saberem de tudo. Se acham no direito de falar de forma grossa e ríspida com seus alunos. Professores que não respeitam os alunos, que interrompem quando falam, que não se importam com os alunos.

Ser capaz de respeito é hoje em dia quase tão raro quanto ser digno de respeito.

Veja bem: alunos são serem humanos. Como podemos aceitar uma situação dessas nas nossas faculdades? Como podemos aceitar passivamente situações em que professores humilham os alunos, com a sua forma de falar e com suas ações? E por que não revidamos? Por que consideramos o desrespeito algo normal em nossas faculdades?

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Porque consideramos o desrespeito algo normal em nossas faculdades?

Parece que virou uma cultura generalizada de arquiteto ter esse tipo de personalidade. Me desculpem, mas não quero ser esse tipo de pessoa. Não quero ser esse tipo de profissional. Não foi essa a educação que eu tive. E essa não deveria ser a educação que temos nas nossas faculdades. Não é questão de “Ha, mas arquitetos são críticos, nós temos que criticar um projeto quando o vemos.” Mas o que você esqueceu meu querido amigo, é que existe uma diferença entre saber criticar e saber falar.

Eu te dou o direito de me criticar, mas que seja uma crítica construtiva. Porque crítica destrutiva, para mim é apenas uma forma de humilhar o ser humano.

Imagine a seguinte situação: você está em uma sala de aula com várias crianças. Elas estão desenhando e uma delas pega o desenho da outra, rasga, amassa e joga no lixo. Então você vê que aquela criança que se esforçou o máximo para fazer aquele desenho cai aos prantos porque alguém se achou no direito de avaliar aquilo como uma folha qualquer, algo que deveria ser rasgado e jogado no lixo. Você vê aquilo acontecer e não faz nada? Você faz. Você vai na criança que fez aquilo com a outra e fala para ela: “Porque você fez isso? Você não desenhou o seu? Porque você não deixa o meu amiguinho desenhar o dele também? Você tem que respeitar o seu amigo! O desenho é dele, ele tem o direito de desenhar aqui tanto quanto você!”

Eu sou a criança que teve o desenho rasgado, a criança que rasgou foi o professor convidado e você deveria ter sido o meu professor de projeto, que apesar de conhecer o nosso projeto, ter visto a nossa trajetória, as lutas e dificuldades que tivemos para terminar o projeto, resolveu assistir aquela cena de forma completamente passiva, como se fosse super normal.

Professores doentes formam alunos doentes para uma sociedade doente.

No final das contas eu e o meu grupo fomos os últimos a apresentar o projeto. Isso já era 16:00 hrs. O super “professor convidado” percebeu às 15:00 hrs que estava falando muito sobre cada projeto e que agora iria comentar os projetos de dois em dois. O esquema era que cada grupo teria 10 minutos para falar sobre o seu projeto. Então chegou a nossa vez. Finalmente, depois de 4 horas esperando, tinha chegado a nossa vez!

Pegamos a nossa maquete e ligamos o meu note ao projetor. Comecei falando do projeto e então sou interrompida:” Passa, isso eu não quero ver.” Engoli. Passei para a próxima prancha. Sou interrompida novamente: “Tah, já entendi, aqui é a biblioteca, aqui é o cinema, passa. Cadê as plantas??”. Passo para a prancha com a planta do térreo, o “professor convidado” simplesmente vira e começa a ver a maquete. FIM DA APRESENTAÇÃO.

Falo que faltam outras pranchas e ele me interrompe: “eu tenho 2 minutos. Tenho que ir embora. Não dá mais”. Termino a minha apresentação (se é que aquilo pôde ser considerado apresentação).

Em algumas situações, um professor poderá precisar ser duro com seus alunos, porém com respeito e justiça. Com o tempo, os alunos aceitam as críticas duras, mas nunca devem aceitar injustiças e desrespeitos.

Caros leitores, confesso para vocês que nestes 4 anos de faculdade nunca vi tanto desrespeito por parte de um ser humano. Nunca vi algo do tipo e espero nunca mais ver. Não tenho nada contra as críticas do professor convidado. Algumas coisas que ele falou faziam realmente muito sentido. Mas a forma como ele tratou os alunos tirou todo o mínimo respeito que eu tinha com relação a ele. Não tive o interesse de chegar em casa e pesquisar os projetos dele. Não tive o interesse de saber mais sobre a carreira profissional dele. Por que antes de ser estudante, arquiteto e profissional você precisa ser ser humano. Você precisa aprender a tratar os outros com respeito.

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Críticas construtivas e respeito são fundamentais em uma discussão em sala de aula.

Ele poderia não se importar com a diagramação? Poderia não se importar com a fachada, com as cores, com qualquer coisa que saísse da “caixinha” do que ele considerava arquitetura? Sim! Mas a apresentação do projeto era algo que tínhamos o direito. Era o resultado final de todo o esforço que havíamos tido no período. O projeto poderia estar péssimo, mas tínhamos o direito de apresentá-lo. Afinal, havíamos virado noite como todo mundo. Havíamos cumprido o prazo como todo mundo. E tínhamos os 10 minutos como todo mundo.

E o pior foi o “professor convidado”, ao chegar na hora da nossa apresentação, falar: ” Vamos logo que eu estou com fome. Eu tenho dois minutos. Eu tenho que ir embora!”. Querido, porque você não tira esse egoísmo de pensar só em você e pensa nos outros? E nós que nem tomar café da manhã havíamos tomado? E nós que estávamos ali esperando 4 horas para apresentar o nosso projeto? Custava pensar no outros? Se você estava com pressa, que fosse embora! Teríamos tido uma discussão muito mais saudável sem você ali. Se você precisa ir embora, se tinha compromisso, porque não pensou nisso antes e administrou melhor o tempo para falar por menos tempo sobre cada projeto, visto que tínhamos vários grupos para apresentar os trabalhos?

O que me traz mais indignação é ver que uma das alunas quase chorou após a apresentação, após ter ouvido os comentários do “professor convidado”. Não a culpo. Eu mesma enchi os olhos de lágrimas depois da minha apresentação. Não pelos comentários, não pelas críticas. Mas pela situação que eu fui obrigada a passar naquela sala. Pela humilhação que foi ter que ser submetida à uma atitude dessas de uma pessoa que simplesmente chegou ali se achando o dono da verdade.

O que me traz mais indignação é que ver que uma das alunas quase chorou após a apresentação, após ter ouvido os comentários do “professor convidado”.

A parte boa de tudo isso é a reflexão que isso me trouxe. A questão é: porque deixamos situações como essas acontecerem? Porque consideramos algo normal ver pessoas serem submetidas à situações de humilhação e menosprezo como essas? Já tive diversos professores, alguns com vigor e conhecimento aprofundado e reflexivo sobre arquitetura, professores que pensavam da maneira como o “professor convidado” pensava. A diferença é que eles sabiam respeitar os alunos. Eles sabiam como tratar os outros. Pessoas que eu até hoje admiro.

Vivemos em sociedade, o mundo não nos pertence, nós pertencemos ao mundo. Se não sabemos tratar as pessoas com respeito, se não sabemos criticar sem desrespeitar, se não sabemos nos comunicar da forma correta, precisamos rever os nossos conceitos. E se você é aluno e está lendo esse post, não seja passivo diante de situações como essa. Não aceite. Não aprenda a agir como esses professores agem. O mundo não precisa de pessoas assim. O mundo precisa de arquitetos que saibam dialogar, conversar, expor as suas opiniões e que estejam abertos à novas opiniões. Mudemos a nossa forma de pensar. Reflitamos sobre o que acontece à nossa volta e não aceitemos situações como essas. Isto não é certo.

Bem, este foi o meu desabafo que eu precisava fazer. E aqui embaixo deixo o meu projeto que embora pudesse ter sido muito mais aprofundado, não foi devido ao tempo que tivemos para fazê-lo. Depois faço um post falando sobre a diagramação dele, que é algo que eu sei que vocês vão querer saber!

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Um grande abraço,

Marina 🙂

 

[ATUALIZAÇÃO]

Para os arquitetos de plantão formados que concordam com esse tipo de atitude, que acham normal situações como essas porque servem para  “amadurecermos”, que acham que a vida é assim mesmo e que o desrespeito ao outro é algo que temos que engolir: saibam que o meu próprio professor deste projeto me enviou um email pedindo desculpas sobre o ocorrido. Então se o meu próprio professor se desculpou, isto deve servir de alerta para os que concordam com esse tipo de atitude. Não é mimimi, não é choro, não é ser fraco. É saber até que ponto um ser humano deve se submeter ao outro. Os alunos sentem medo dos professores porque não são estimulados ao debate por parte destes. Se existem professores que querem tratar a sala de aula como ele trata os outros no escritório dele, ele não deveria estar ali, porque faculdade não é lugar para isso. Faculdade é lugar de criar caráter, de amadurecimento, de aprendizagem e principalmente de formação.

 

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44 comentários

micaella 17 de março de 2016 - 01:38

Muito boa a abordagem do tema q normalmente morre nas conversas em roda entre os alunos
Estou no quinto ano e tbm passei por essa situação diversas vezes, e tive q aprender a me segurar diante da situação, pois quando a pessoa é arrogante e vc a confronta, mesmo q de maneira educada, n é possível ter uma conversa saudável, sem q crie “raiva” por parte dela
até mais

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Marina Araújo 17 de março de 2016 - 01:56

Pois é! Por isso eu não falei nada, simplesmente fechei o meu notebook e fiquei vendo aquela situação. Mas nós temos meios de confrontar isso sem ser um confronto verbal dentro da sala de aula. Esse blog é um desses meios.
Um grande abraço,
Marina 🙂

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Helena Hawthorne Loureiro 17 de março de 2016 - 02:20

Oi, Marina. Recentemente fui convidada por uma colega de faculdade a fazer parte da banca examinadora de 5 trabalhos de graduação de orientandos seus. Me senti extremamente honrada! Felizmente, o nível dos trabalhos me impressionou de forma muuuito positiva. Havia problemas aqui e ali, lógico… Afinal, são alunos completando a primeira parte de sua formação e Arquitetura é uma carreira muito abrangente, muito complexa! (A única coisa que eu não admiti foram os erros de português, por acreditar que este tipo de falha poderá vir a prejudicar o profissional quando avaliado por quem não tem repertório para medir a qualidade da arquitetura que produz).
Fique sabendo que me solidarizo com você e seus colegas. Sou formada há 25 anos e ainda me lembro da angústia que dava quando os passarinhos começavam a cantar, o sol nascia e eu ainda estava debruçada sobre a prancheta………., sem saber se o projeto ia ser bem ou mal avaliado. Uma coisa que não existe nesta nossa carreira é consenso e coerência no que diz respeito à avaliação de projeto.
Pessoalmente, acho que os problemas que identificamos ao avaliar o projeto de um aluno têm que ser apontados de forma OBJETIVA. Se não, calo a minha boca! ” Isso não funciona” – por quê??? Por a, b ou c… Se não puder apontar os porquês, não está preparado para ajudar na formação de um futuro COLEGA.
Enfim, não desanime. Esteja preparada para outras vedetes, isso faz parte do nosso ofício… Foque na sua evolução, na formação do seu repertório, siga em frente. Que Deus abençoe você e seus colegas nesta jornada! Bjs

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Marina Araújo 17 de março de 2016 - 02:36

Obrigada pelas palavras Helena! Já passei por outras situações parecidas, mas antes não tinha onde compartilhar. Agora eu tenho. Situações como essa não me desanimam, muito pelo contrário, me convencem de continuar e tentar mudar o que é feito. Conheço muitos professores maravilhosos na FAU. O meu próprio professor desse projeto é um deles. A minha indignação realmente foi com a forma que as coisas foram conduzidas. O questão do porque é um fato real. Coisa que inclusive apenas o meu grupo teve a coragem de falar. Então chegou a acontecer uma discussão, mas no final, por minha parte e do meu grupo. Os outros alunos não questionaram, acredito eu por se sentirem intimidados pelo professor convidado. E venhamos e convenhamos que ninguém se sente à vontade em uma situação dessas. O respeito tem que acontecer para que haja um debate saudável dentro de sala de aula. Me alegra saber que existem profissionais como você. Por mais pessoas com esse tipo de atitude. O consenso realmente nunca acontece, mas é isso que torna uma banca uma experiência maravilhosa! Mas para chegarmos lá há um caminho que precisa ser trilhado.
Obrigada por suas palavras. Um grande abraço,
Marina

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Thiago 17 de março de 2016 - 02:37

Isso é cultura de escritório, Marina. Nos escritórios de arquitetura mais conservadores, ainda mais nos de porte médio a grande, o que impera é a imposição dos arquitetos proprietários. Na imensa maioria das vezes eles não aceitam opinião divergente, são grossos quando confrontados e preferem menosprezar e esculhambar a elogiar, mesmo que seu trabalho seja bom. Então eles saem dos escritórios e vão para as universidades. E o resultado é isso que você passou. A pior parte é que dá uma tristeza com a profissão que escolhemos, por perceber que ela é repleta de pessoas, com o perdão da palavra, cretinas, soberbas, desrespeitosas. Chega a ser irônico em uma profissão em que compreensão e empatia são necessidades diárias. Sendo assim, concordo que devemos dar um jeito de lutar contra isso, para formar profissionais confiantes e com peito para enfrentar tais situações e, acima de tudo, limpar terreno para quem vem chegando.

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Marina Araújo 17 de março de 2016 - 02:43

Pois é. E o que mais me preocupa é que somos uma geração de futuros arquitetos que estamos aprendendo a nos adaptar “tranquilamente” com esse tipo de situação. E isso é muito preocupante. Aí aprendemos isso na faculdade, vemos os nossos professores aplaudindo de pé pessoas desse tipo e saímos da faculdade para os escritórios com esse pensamento mesquinho de menosprezar os outros. Que a nossa geração acorde para essa realidade e não aceite esse tipo de situação.
Obrigada por suas palavras,
Abraços,
Marina

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Anonima 17 de março de 2016 - 03:57

Nossa ja passei por algo do tipo. Na minha faculdade nos não apresentamos projeto. Nós imprimimos as pranchas e deixamos expostas, ai os professores ficam sozinhos na sala e dialogam entre si sobre o projeto, e o que eles acharem de errado eles escrevem na prancha. O problema é que muitas vezes eles nem olham direito, e escrevem “falta isso” ou “falta aquilo”, mas algumas vezes TEM aquilo, e perdemos pontos pq eles olham de qualquer jeito… algo q fiquei dias e madrugadas fazendo. Uma vez cheguei até a reclamar de uma observação dessa na minha prancha com a minha prof de proj. Ela viu o erro e disse que minha nota estava errada.. mas a reitora do curso não quis nem saber de me ouvir, pra ela era fim de papo, mesmo q todos os professores tivessem concordado q minha nota estava errada. O ruim tbm é q as vezes eles nem anotam na prancha oq esta errado, simplesmente tiram ponto e quando questionamos o porque, eles não lembram. Ai eu te pergunto .. como vou melhorar o que eles corrigem, se eu nem sei o que eles estão corrigindo ??? Sem contar as vezes que vou tirar duvida de proj e o professor me olha como se eu fosse burra, respira até fundo mostrando impaciência.. sendo q ele é o professor. Muitas vezes cheguei a chorar e querer trancar o curso, por me sentir apenas um lixo nessa profissão, como se eu não fosse capaz de produzir um projeto decente. Não gosto nem de lembrar, esses momentos me fazem ter cada vez mais medo de estar a frente de uma banca ou tirar duvidas com um professor. Questionar a decisão de um professor então ?? Jamais, mesmo q ele esteja me criticando por coisas não técnicas, apenas de gosto. Eu não questiono mais, pq ja tive professores mto duros e que me fazem sentir que jamais serei boa o suficiente, q o melhor p mim era fazer qualquer outro curso, q n seja arquitetura. Sem contar as vezes em q o prof de proj pede q vc faça algo especifico no seu trab, e depois na avaliação outro professor critica… o professor de projeto nem defende, algo q ele pediu. Serio, isso me desanima da arquitetura :((

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Marina Araújo 17 de março de 2016 - 04:05

Primeira coisa que eu tenho a te falar: não desanime. Segundo: nunca seja como eles. Use-os como exemplo do que tipo de pessoa que você NÃO deve ser. E se imponha, questione, discuta e argumente. É uma pena que isso seja um problema generalizado nas faculdades. E isso não pode fazer com que nos calemos diante de situações como essa. Quanto ao que acontece na sua faculdade, eu não tenho nem o que comentar. Isso é mil vezes pior do que o que acontece na minha.
Mas amiga, meu conselho é: pega toda essa sua frustração, todo esse seu medo que lhe foi imposto por esses professores, se forma e se torna arquiteta. Seja uma arquiteta e seja diferente deles. O mundo precisa de pessoas que pensem além da caixinha pequena que esses professores pensam. Não desista porque a vida é sua, o curso foi escolha sua e você tem a plena liberdade de ser quem quiser ser.
Nunca desista.
Bjus,
Marina

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Ana 17 de março de 2016 - 04:19

Olá! adorei essa abordagem, teve época que eu ficava muito revoltada com essas coisas, mas com o passar do tempo, passei a ver isso de outra forma.

Admiro muito meus professores educados, maravilhosos, críticos sérios, formais e carinhosos, porém…. PORÉM, quem nos realmente desafiam, são com aqueles carrascos mesmo. Eu aprendi muito com essa diferença entre os professores que gostam de humilhar e os que são educados.

Talvez alguns desses carrascos usam para treinar o aluno ou apenas está se vingando ou apenas adora humilhar os outros, pra mim agora, não importa mais, apenas uso eles como experiência, até porque o que mais vai ter é gente mal educada na nossa vida e cabe a nós como contornar isso com sabedoria, o melhor tapa na cara que podemos dar à eles, é mostrar que não podem nos abalar.

Nessa hora sempre lembro como meus professores de bem com a vida encarava alguma adversidade, imprevistos com pessoas insuportáveis assim, era sempre com aquele sorriso que ilumina a alma das pessoas. Amo muito esses professores, talvez tenha essas pestes na nossa vida pra gente poder se inspirar naqueles que nos tratam com carinho e respeito!

abraços!
Ana

Reply
Marina Araújo 17 de março de 2016 - 04:30

Sem dúvidas Ana. Inclusive na hora que eu fechei o meu notebook eu olhei para o meu professor de projeto e dei uma risada. Não confrontei na hora, não iria valer a pena. Não encaro as críticas duras como algum ruim. Já tive professores “carrascos” que fiquei praticamente o período inteiro discutindo com eles AULA INTEIRA. Mas na banca final, na última apresentação esses mesmos professores criticaram durante os projetos principalmente porque conheciam o projeto, portanto eles tinham TODO O DIREITO de criticar. Agora se vem uma pessoa de fora e pisa no seu projeto, tem que haver uma discussão do porque daquilo estar acontecendo. E o professor que conhece o seu projeto tem que no mínimo defendê-lo. Isso é o que acontece em bancas finais. Os professores orientadores, assim como o aluno, defendem os pontos bons do projeto e assim cria-se uma discussão saudável dentro da sala de aula.
Mas sorriso no rosto eu sempre tive e sempre vou ter. Se você me conhecesse pessoalmente iria ver que eu sou uma das pessoas que mais rio nessa vida. Estou sempre com um sorriso no rosto!
Um grande abraço e obrigada pelo seu comentário! 🙂

Reply
Júlio Cesar Carvalho da Silva 17 de março de 2016 - 11:59

Querida Marina Araújo bom dia! Infelizmente vejo esta questão com muita tristeza, tenho 50 anos e estou no sétimo período de arquitetura e urbanismo. E parabéns pelo seu comentário, também levanto sua bandeira.

Reply
Marina Araújo 17 de março de 2016 - 12:08

Obrigada Júlio. Realmente é uma triste realidade.
Obrigada pelo seu apoio. Abraços,
Marina

Reply
Fernanda B Bandeira 17 de março de 2016 - 12:41

Marina, Sou arquiteta há quase 3 anos, e a vida real é tão diferente das criticas desses nossos professores, que por vezes são apenas teóricos, nunca executaram uma obra e alguns nem tem CAU, ou seja, não exercem mesmo a profissão.
Força e continue assim, compartilhando seus contentamentos e descontentamentos conosco, é importante e a reflexão nos faz crescer.
Parabéns por você ser quem é!

Reply
Marina Araújo 17 de março de 2016 - 13:08

Obrigada Fernanda! O que mais me impressiona é que o “professor convidado” na verdade parece que é um “grande arquiteto”. O que me deixa ainda mais indignada com o ocorrido!
Mas muito obrigada pelas suas palavras e pelo seu apoio!
Abs,
Marina

Reply
Thiago 17 de março de 2016 - 13:01

Muito legal teu texto. Realmente temos que aprender a ser menos passivos em relação a críticas que por vezes são feitas de forma muita dura. Respeito de ambas as partes é fundamental!

Reply
Marina Araújo 17 de março de 2016 - 13:03

Falou tudo Thiago. Respeito é a palavra.
Abraços,
Marina

Reply
Tiago 17 de março de 2016 - 14:06

Marina,
Infelizmente o curso de arquitetura não é para as pessoas de coração fraco. Imagine vc num escritório de frente ao cliente que está investindo muito dinheiro e sequer entende a maioria dos desenhos que vc apresenta a ele. Como vc acha que ele vai agir?
Numa sociedade onde tudo deve ser feito às pressas e vale dinheiro, desperdício é quase um crime.
Passei por experiências parecidas logo no início do curso. O próprio professor tinha um ar de arrogancia opressor. Seus convidados chegavam a ser piores.
Alunos aos prantos depois das apresentações.
Foi o período que eu mais cresci. Aprendemos a ter casca grossa… Aprendemos a defender nossas idéias com unhas e dentes e realmente responder os professores e/ou convidados. Eles amam isso. Essa paixão pela criação.
Infelizmente os alunos andam com medo de professores e não entendo o pq.
Mas a vida é assim. Logo, um cliente vai agir exatamente do mesmo jeito e vc vai ter q aceitar. Saber a melhor maneira de apresentar seu projeto e aceitar os erros e mudanças.
Essa experiência “negativa” sua pode ter sido a melhor experiência pro seu crescimento próprio. (mas, infelizmente, a maioria dos alunos pensam como vc)
Lembre-se que todo arquiteto tem personalidade forte. Pode parecer falta de respeito, mas o fato dele ainda estar la vendo seu projeto já é um grande sinal de respeito. Comentários duros não são falta de respeito e nem pedir pra pular um slide. Ja parou pra pensar que ele estava dando a oportunidade de vcs falarem o que realmente é importante ou talvez comentar suas estratégias no edifício pronto ao invés de em diagramas?
Um dia vc ainda vai sentir falta desses comentários duros e “mal educados” por serem os mais sinceros e os mais diretos.
Sobre o arquiteto ser de fora e ir só na banca final: lembre-se que, após construído, TODAS as pessoas vão ver e criticar seu projeto sem nem saber sua intenção. Vao escrever artigos e publicar, vão te expor publicamente… Faz parte!
É isso que significa ser arquiteto(a)!
Acho q um problema bacana a ser abordado futuramente pelo seu blog seria a imaturidade de grande parte dos alunos de arquitetur (o outro lado da história). Entreviste uns professores… Vai te dar uma visao completamente diferente dessas bancas finais.
E so uma última dica: se divirta! Se dedique ao maximo mas leve o curso com mais leveza. Ajudará bastante no decorrer do curso.

Fora isso, parabens pela coragem de expor sua opinião assim!

Reply
Marina Araújo 17 de março de 2016 - 14:39

Olá Tiago. Em primeiro lugar, não crie um esteriótipo do que deve ser um aluno de arquitetura. Isso é a mesma coisa de falar que alguém não tem “talento” para alguma coisa ou que não tem “inspiração” para algo. Ambos não existem, são apenas coisas que são trabalhadas com muito suor e trabalho duro. Então não existe essa de dizer que um pré-requisito para ser arquiteto é ter um coração forte. A minha crítica ao seu comentário é que você está falando (com muita razão) na realidade fora da faculdade. Realidade na qual muitos de nós alunos não estamos realmente habituados e muito menos preparados. Mas estamos ali para aprender a lidar com as situações, correto? E isto foi exatamente o que eu fiz. Eu não me levantei e bati de cara com o professor convidado. Eu não pedi para ele calar a boca. Eu não continuei a minha apresentação. Eu simplesmente fechei o meu notebook e ouvi tudo o que ele tinha para falar. Depois questionei TUDO o que ele falou. A minha questão é que isso só aconteceu não porque eu me senti à vontade para discutir com ele! Mas porque eu eu não aguentava mais o tom arrogante da voz dele. Inclusive quando eu e o meu grupo o questionamos, ele abaixou o tom de voz. A minha questão é: se você é professor, você está ali para ensinar. E da melhor maneira possível. Não consigo engolir essa história de que professor carrasco é bom. Professor carrasco é um ser humano fraco, que se acha no PODER de SUBMETER as pessoas ao seu querer. Eu não tenho nada contra críticas! Na verdade eu adoro críticas, tanto é que eu estou aqui respondendo ao seu comentário contrário à minha opinião, coisa que eu tinha a plena liberdade de não fazer. Eu poderia simplesmente excluir o seu comentário porque esse blog é um espaço 100% meu. Mas eu aceito críticas e não aceito que outros concordem com situações onde alunos passam por humilhações. Existem MUITOS outros meios de amadurecimento e aprendizagem que não se utilizam essa ferramenta de humilhação. E comentários diretos para mim não possuem validade. Porque se são diretos é porque não possuem argumento para tal. E comentários diretos normalmente são seguidos por silêncio e falta de questionamento, o que fazem com que estes sejam ainda mais inválidos. É como dizer: “O seu projeto não funciona. O seu projeto é péssimo. O seu projeto é um lixo”. Para mim, todos argumentos inválidos. Me diga o porque e aí a gente conversa. Enfim, acredito também que é válido falar um post sobre a imaturidade dos alunos. Mas isso é algo que se espera. O que não se espera é isto por parte de alguns professores. E outra: o que eu mais faço na faculdade é me divertir. Você não faz ideia. E coragem para expor a minha opinião e responder as críticas, isso eu sempre terei.
Um grande abraço,
Marina

Reply
Gabriela 17 de março de 2016 - 14:31

Marina, sem defender ninguém. .. mas na vida real os clientes vão ser ainda mais nocivos à sua alta estima do que os professores. Pense de maneira construtiva que eles apenas estão fazendo vc criar calos para quando for passar por uma situação dessas profissionalmente não comece a chorar ou fique muda em frente ao cliente, ok.

Reply
Marina Araújo 17 de março de 2016 - 14:50

Oi Gabriela. Então, apesar de estudar arquitetura eu já trabalho com clientes há mais de 6 anos em outra área. Então eu sei muito bem como clientes podem ser. Já tive alguns bem piores que os meus professores da faculdade. Sempre soube me impor. O meu post faz duas críticas: Uma para que não aceitemos situações de desrespeito, seja ela onde for. E dois: que os alunos possam rebater o que lhe é imposto. Que possam questionar. Já chorei sim em fim de apresentação e mais de uma vez. Isto não faz de mim fraca, só mostra o quão madura eu fui para segurar a onda enquanto estava na apresentação ou na frente do cliente. Então não é questão de a vida real ser uma guerra onde só os fortes ganham. É questão de saber ganhar sem ter que pisar nos outros. Algo que parece ter sido esquecido por muitos seres humanos. A nossa sociedade está tão acostumada a pisar no outro que quando um professor faz isso com um aluno é considerado algo normal. Desculpe mas não tenho como aceitar isto.
Obrigada pelo seu comentário,
Abraços,
Marina

Reply
André Gerent 22 de março de 2016 - 17:04

Não ficaria nem um pouco surpreso se ao final do texto fosse revelado que o tal professor era do ARQ-UFSC.
Temos alguns exemplares desse tipo por aqui.
Muitos dos meus colegas terminaram a faculdade sob estresse bastante severo, levando muitos deles, eu incluso, a perder o interesse pela arquitetura.
Essa cultura de Rei-na-barriga que muitos docentes têm é realmente danosa ao aprendizado.
Minha opinião é que o desrespeito ao profissional de arquitetura já começa aí.

Reply
Marina Araújo 23 de março de 2016 - 14:45

Olá André! O “convidado” é professor da FAU-UFRJ. Mas parece que situações como essas são comuns em outras faculdades, especialmente as federais. Parece que o termo “federal” sobe um pouco à cabeça desses professores e por isso eles se acham no direito de ter tais atitudes. E você não é a primeira pessoa que eu escuto falar que perdeu o interesse por arquitetura devido à situações de desrespeito em nossas faculdades. É realmente uma questão a se refletir…
Obrigada por suas palavras,
Abraços!
Marina

Reply
cesar 24 de março de 2016 - 07:18

Apesar do comentario deslocado, queria dizer que depois de descobrir seu site, floresceu uma nova paixão pela arquitetura, 5 periodo ja e ainda tinha duvidas em relação a ser a area certa, e por isso faltava muita dedicação da minha parte, extra sala principalmente.

Sobre o texto agora, realmente lamentavel atitude, não sei nao se isso ocorre comigo e com amigos meus, se eles apenas iriam engolir, dificil.

Nos temos um professor que é conhecido como linha dura, estilo general, que nao deixa passar 1 segundo do tempo programado para apresentações, alem de ser muito critico, e por isso 90% da turma quer fugir de fazer projeto com ele, mas ele se encaixa no perfil que vc citou, aquele cara que cobra muito, é duro, mas sem ser desrespeitoso, um professor que faz vc crescer como profissional.

Espero nunca passar por uma dessas, força na jornada e continue dividindo sua vida academica conosco, como ja disse, me deu um novo animo para encarar o restante do curso

Reply
Marina Araújo 27 de março de 2016 - 21:09

Muito obrigada pelo seu comentário Cesar! Acredite, comentários como o seu são a minha motivação para continuar com o site!
Volte sempre que quiser e sinta-se à vontade para comentar quando quiser!
Um grande agraço!
Marina 🙂

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Leandro Giles 30 de março de 2016 - 00:18

Marina, também sou aluno da FAU, e meu tapa, como o seu, foi no segundo periodo quando disse que não gostava de desenhar a mão e um professor, desses aí, disse que arquiteto que não gosta de desenhar a mão, é como médico que não gosta de sangue. Achei um absurdo, e meus colegas infelizmente pensavam como ele. Mas avançando em questões teóricas (com o suporte de HAA e TA, você sabe o que as siglas querem dizer, rsrs) percebi, que o desenho a mão é só mais uma ferramenta de trabalho (na minha opinião arcaica, mas vamos deixar a polêmica de lado, rsrs), assim como as ferramentas digitais, outros idiomas (sobretudo inglês). Se pensarmos, antes da invenção da planta, corte, fachada e perspectiva o homem já fazia arquitetura. Ou seja, não dependo desses para ser arquiteto, não posso ser obrigado a fazê-lo, pois fazê-lo bem não é pre-requesito para se fazer boa arquitetura, e não é o ponto que deve estar em questão quando se propõe a estudar esta disciplina (arquitetura).
Hoje, arquiteto não necessariamente precisa saber construir, como ainda sabia Bruneleschi, pra ser arquiteto. Acredito que o desenho romântico que me cobravam quando estava no primeiro e no segundo períodos não faz parte do meu processo de projeto, e o processo é o que importa para os resultados que mostramos. Se julga ou critíca-se sem entender o processo está assumindo-se que nosso trabalho não é capaz de provocar mudanças e deve seguir as mesmices consolidadas da prática. Se não pleiteia-se mudanças ao contratar o trabalho de um arquiteto o projeto na verdade não merece atenção por parte de um profissional que dedica a sua vida a estudar os propósitos dos espaços (e outras coisas mais, sem limitar a arquitetura as questões do espaço, é claro). O processo, ao ser explicado, denuncia suas escolhas, que é o que deve ser avaliado, não se uma circulação funciona ou não. Se existem projetos assim em PA4, disciplina do final do terceiro ano, é porque professores talvez estivessem mais preocupados com o traço romântico de alguém que será chamado de arquiteto como ele quando a ferramenta de trabalho mais potente que existia quando ele estudava era o arcaico desenho romântico e portanto se não a domina, não merece o mesmo título que ele, invés de questões de circulação que qualquer um que tenha habitado um ambiente compartimentado tem capacidade de entender antes de dois anos de faculdade. Ao pedir que você pulasse sua apresentação, ele estava assumindo que seu projeto teria uma abordagem seguindo valores consolidados de projeto de arquitetura (ou os previamente apresentados pelos seus colegas), e limitou os comentários dele a aquilo que pela prática costuma observar, quando o que estava em questão era o seu olhar para a problemática proposta, que deve ser avaliada na sua peculiaridade. Mesmo com o mesmo programa e terreno, certamente não era como a dos grupos anteriores, pois é nisso que reside a riqueza da nossa profissão, aliás.
Arquiteto (ou qualquer outra profissão) que não trabalha para resultados a favor do ser humano não se realiza como profissional, penso eu. A realização dele, naquele momento, era te instruir, mesmo não sendo professor (somente arquiteto), pois, por natureza, nossa profissão é instrutiva. Estamos o tempo todo instruindo, e sendo instruidos. O arquiteto bem formado sabe diferenciar em cada cliente o que precisa entender (a instrução que vem dele), e definitivamente não é aceitar a arrogância de um ou outro porque te contrata. Se o cliente não entende a proposta é porque o arquiteto não é bem formado e não foi sensível ao se comunicar. No caso, ele foi convidado a te instruir, mas antes precisava por você ser instruído sobre seu processo e proposta. Para a sua formação que ele aceitou estar ali na sua banca, e a postura dele não foi instrutiva, mas impositiva, e predeterminada pois não houve apreensão do projeto. Voltando a questão da má formação, a arrogância que descreveu do dito cujo denuncia a que ele teve, não sabendo quando o ponto é se comunicar e instruir sobre a prática da construção pautada na reflexão que antes passou pela apreensão. Como poderia ele refletir sobre o seu produto sem ouvir o seu processo? Assim como não repetimos soluções para contextos diferentes em arquitetura, o contexto da sala de aula, definitivamente, não é o contexto de um escritório. Para esse tipo de “apreensão-aprendizado” já existe outro tipo de humilhação que somos submetidos (e que você deverá fazer o seu post em breve, prevejo, rsrs) chamado “estágio”. Por conta da má formação que o dito cujo teve, não sabendo distinguir os dois ambientes, prevaleceu a sua arrogância. Sabemos das consequências do trabalho de um arquiteto mal formado na vida dos outros (os contratantes) e quando um prevalece sobre o outro não há benefício social (no sentido de coletividade). Não se estuda uma vida inteira para repetir as mesmices consolidadas, tao pouco se contrata um expertise em um determinado assunto para assinar um projeto aceitando pitacos arrogantes. É necessário convencimento técnico, penso. Um cliente que não quer entender a proposta de um arquiteto bem formado, deveria procurar um arquiteto que lhe projete qualquer coisa (já que infelizmente eles existem, assim como esses clientes). Mais do que arquiteto, quero um dia ser professor de arquitetura e me pergunto, então, se não seria ele fruto de um ciclo (e que seriamos as próximas vítimas e fariamos as nossas), se assim não porpusermos mudanças?
Gostaria, então, de sugerir a transformação do que você narrou em documento oficial à direção da FAU, a fim de circular memorando aos professores sobre a necessidade de orientar os seus convidados mal educados antes de iniciarem a banca. Se o ato de construir merece reflexão constante (e por isso trazem profissionais de fora), e pela reflexão que se constrói a história da nossa disciplina, educar também merece reflexão (e os convidados devem ser instruidos pelos responsáveis no ambiente educacional). Nós sabemos que o seu caso não é isolado, e infelizmente recorrente.

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Mari 20 de abril de 2016 - 14:51

Marina, tive os mesmos sentimentos que vc!
Passei pela mesma situação, arquitetura era meu sonho e estava se tornando pesadelo,
pensei em desistir, pois apresentação de projetos haviam virado verdadeiro “abate”,
depois de muito brigar dizendo que situação era indigna, que nós precisávamos aprender
e aquilo não nos propiciava aprendizado, mas nos desmotivava, melhorou mas passou um ano desta forma
o meu primeiro ano de faculdade.
Foi bem difícil motivar e continuar, acho que essa “cultura de abate” é comum em alguns cursos de arquitetura.
Parabéns pelo blog tem me propiciado muito aprendizado,motivado, troca de informações visto que as vezes a gente acaba achando que é só em uma determinada faculdade.

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Marina Araújo 2 de maio de 2016 - 01:11

Obrigada por suas palavras Mari. Espero que esta situação de desrespeito não continue em nossas faculdades…Porque realmente parece ser algo comum no curso de arquitetura.
Muito obrigada por acompanhar o meu trabalho! Fique à vontade para retornar ao blog sempre que quiser!
Bjuss,
Marina 🙂

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Nahyara 29 de maio de 2016 - 23:49

Olá Marina,
Um post feito em boa hora.!
Pois também sou aluna da FAU e só nós estudantes, sabemos o quanto o curso é exaustivo.
Infelizmente, um curso que deveria ser super incentivado está perdendo as forças, justamente por essas atitudes incoerentes e sempre acontece nas horas em que você está psicologicamente e fisicamente mais cansada…sendo que ao invés de qualquer comentário desestimulador seria a hora apropriada para os professores nos impulsionar cada dia mais e ter mais prazer em continuar.
Hoje estou na reta final, enfim… TCC! e vejo que tudo que passei nesses últimos 4 anos e meio foi longo e árduo trajeto. As vezes nos perguntamos: “Será que vale a pena mesmo, tudo o que passamos…nossas noites mal dormidas, nossos stress, 5 anos sem vida social e pior, projetar….projetar….e projetar para chegar ao ponto do nosso projeto que levou tantas e tantas horas serem rebaixados?” Por mais duro que seja a verdade, sabemos que vale!
Mas é aquele tal negócio, por mais extenso que o nosso curso possa ser, há muito o que ser melhorado.! Tantos professores despreparados, tantas matéria sem ser passada e cobrado tudo nas provas teóricas, tanto dinheiro gasto em trabalhos que no fim do semestre, vai tudo para o lixo! Muitas coisas tem feito eu perder a vontade de ir para a Faculdade, quantas e quantas vezes já pensei em desistir, seja pelo valor da mensalidade, por trabalhar e estudar ao mesmo tempo, por roubarem minhas coisas pessoais dentro da instituição e ninguém se quer tomar alguma atitude, pelos professores que ironizam a sua personalidade, pelo dinheiro gasto, pela falta de infra estrutura disponibilizada na instituição….enfim, foram vários os meus motivos…mas nada me fez mudar de ideia. Acredito sim, que muitos conceitos devem ser revistos para o curso…mas desistir daquilo que se sonhou uma vida inteira, não julgo ser o correto por conta de péssimos profissionais que encontramos em nossa trajetória. Graças a Deus estou com um orientador que me agrada muito e que tenho certeza que já deu certo.! Que você possa abrir mais espaços como estes.!
Parabéns pelo blog, pela sua trajetória de vida…que sei também que é uma correria e pela escolha.!
Muito boa sorte…e que o nosso amor pela arquitetura nos faça mais que boas arquitetas.!
SUCESSO!!!

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Marina Araújo 1 de junho de 2016 - 23:12

Nahyara, fico feliz de ouvir suas palavras. Confesso que estou entrando em uma fase de desespero enorme por terminar a faculdade. Não aguento mais. E essa fase se deu devido à todos os fatores que você citou acima. E o que mais me desestimula é que eu gosto cada vez menos dos profissionais arquitetos que eu conheço, principalmente professores. Não tenho mais a empolgação e o pensamento que eu tinha um dia dizer, “nossa, eu sou uma arquiteta!”. Mas sei que não posso generalizar. Existe sempre o joio no meio do trigo, profissionais ruins vão existir em qualquer profissão. Talvez na arquitetura, mais do que em outras áreas. E quanto à faculdade, acredito que cada um tem a sua trajetória. Estou no quinto ano, vou me formar em seis e agora não desisto porque simplesmente não abro mão por tudo o que eu passei. Agora é questão de honra! Hahahhaa
Tenho certeza que como eu e você, ainda existem pessoas que possuem valores na nossa área. E é nessas pessoas que eu tenho que me espelhar.
Sucesso para nós então!
Bjusss,
Marina

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Nahyara 4 de junho de 2016 - 20:47

Obrigada pela resposta Marina.!
Sim, é muito questão de honra mesmo….hahaha!
Vamos continuar firmes que nossa glória está próxima!! Graças a Deus!
Grande beijo e bons trabalhos neste final de semestre.!

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mauro 9 de junho de 2016 - 21:15

Marina, parabéns pelo post !! Vc é uma pessoa especial e será uma maravilhosa arquiteta ! Além disto, escreve muito bem !
Sou arquiteto aposentado e lembro que na minha época as apresentações de projeto eram maravilhosas, respeitosas de parte a parte, enriquecedoras e aguardadas ansiosamente (formei-me na Silva e Souza em 1981).
Talvez tb tenha a ver com a sociedade como um todo nestes tempos tecnológicos e corridos … tenho visto que as pessoas estão mesmo ficando um pouco estressadas, grosseiras e desrespeitosas, principalmente as que detêm qualquer tipo de poder, por mínimo que seja. Sou pessimista com relação a isto, acho que só vai piorar, então pessoas como vc e eu vamos sofrer cada vez mais. Quase torço para um evento grave do tipo crise séria de energia que force a sociedade a voltar aos tempos lentos e artesanais de antigamente. Só assim teríamos uma valorização das relações humanas ….será? eu acho.
Parabéns novamente !! abraços e boa sorte !

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Marina Araújo 10 de junho de 2016 - 02:07

Olá Mauro!
Concordo com você. Talvez isso realmente seja uma doença da minha geração. A geração que tudo corre muito rápido, tudo tem que ser feito às pressas, ninguém quer parar para conversar, discutir, argumentar. Eu também acho que só tendo um evento grave, como uma crise de energia, para nos darmos conta dessa situação e talvez assim despertarmos para mudarmos a situação na qual nos encontramos!
Muito obrigada pelo seu comentário,
Abs!
Marina

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Lorena V. Duarte. 28 de junho de 2016 - 17:51

Marina, que postagem magnífica.
Infelizmente não é somente na banca de TCC que passamos por situações ruins de despreparo por parte da banca e não nossa.
No meu caso os alunos perceberam que boa parte da banca convidada não leu um nada do nosso TCC, que encadernamos para que pudessem saber um pouco de cada trabalho que iria apresentar. E sim, muitos humilharam os alunos, fizeram críticas ridículas que continham respostas no caderno ou que já havíamos citado na apresentação.

A sociedade está cada vez pior em quesito respeito e educação. Sofri humilhações por parte de principalmente de profissionais de arquitetura e engenharia, gerentes de trabalho que me contrataram para prestar serviços, sendo que outros eram os próprios clientes que tivram a coragem de me dizer ” acho que também vou fazer curso de Autocad”, acreditando que somente tendo habilidade no programa já se considerará um profissional qualificado para realizar qualquer projeto.

Por isso nós temos que fazer a diferença nessa sociedade, tanto como cidadão como profissional. Quero ser aquela arquiteta que não humilhe ninguém, pois todos começamos do zero e não nascemos sabendo, pois tivemos professores que estavam lá para nos orientar. Gosto da união dos profissionais e detesto aqueles que quando me contratam tentam passar a perna em mim querendo que eu cobre praticamente de graça enquanto usa meus trabalhos para ganhar em cima.

Adorei esse seu desabafo e com certeza estarei lendo outras postagens tão interessantes quanto essas.

Muito obrigada por expor sua opinião. Muitos gostariam de ter essa coragem e sabedoria de publicar questões que todos deveriam levar em consideraçaõ.
As faculdades de hoje em dia só pensam em lucrar e não na qualidade de ensino e muito menos na colocação de bons professores.

Fico por aqui.

Meus parabéns Marina.

Atenciosamente,

Lorena V. Duarte.

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Marina Araújo 5 de julho de 2016 - 19:44

Olá Lorena,

Obrigada por suas palavras. Nessa caminhada de aprendizado tenho tentado me espelhar em arquitetos que também são exemplos de seres humanos, que sabem respeitar o próximo e prezam sempre pelo bem maior.
Espero um dia, quando estiver formada, poder encontrar pessoas como você no meu caminho. Obrigada mais uma vez pelo seu comentário.

Abs,

Marina

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Aline Antunes 28 de junho de 2016 - 20:04

Em saber que isso acontece nos TCCs… eu tive uma sorte imensa de pegar 3 pessoas super humanas na minha banca. Mas acontece muito de professores… da própria universidade usarem termos baixos para expressar sua opinião! como .. “esta uma merda!” ” você não tem projeto!” ” Não é possível que você não aprendeu isso durante o curso!” e muito mais!
O nosso curso é o mais difícil que eu tenho notícia! Porque as pessoas exigem de mais umas das outras! Estamos na universidade pra aprender… pra construir uma vida profissional! Os erros são totalmente aceitáveis e passiveis de correção pelos professores! será mesmo que eles nasceram sabendo? Eu não quero me formar e ser assim também! Parece que quando pegam o canudo apagam a memoria anterior! Não só na faculdade.. como em escritórios que trabalhei, fui humilhada e menosprezada! espero poder ser uma boa professora! uma boa chefe! que acima de tudo.. não esqueça de tudo que passei

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Marina Araújo 5 de julho de 2016 - 19:46

Sim, também espero ser assim. Sempre fico refletindo sobre isso, parece que as pessoas entram na faculdade e saem pior do que já era. E isso só acontece em arquitetura mesmo, é impressionante.
Vamos fazer a diferença, não vale a pena ter o mesmo caráter que muitos desses professores tem. São todos amargurados e cheios de frustrações…

Obrigada pelo seu comentário,

Abs,

Marina

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Carol 25 de julho de 2016 - 18:01

Olaaa, estou em época de tfg…em panico… kkkkkkK
e queria saber como e onde vce monta esses mapas perspectivados até uns explodidos, acho varios no pinterest, lindooos…mas nem imagino onde montar.
Me ajuuuuda?

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Eder 28 de outubro de 2016 - 12:32

Poxa. Concordo plenamente com o texto. A uns 2 periodos eu e meu grupo passamos por uma situação parecida e sendo até pior, foi com o professor de projeto. Fomos o ultimo grupo a ser atendido e o que eles chamam de assessoria, virou aulas de terror para nós, de tanto que o professor nos pôs para baixo.
A critica deve existir, mas existe as maneiras corretas de falar. O papel do professor é ensinar e orientar, e no nosso caso, ele sugeriu que repensássemos o que estávamos fazendo na faculdade. Foi frustrante e com isso foi embora toda a admiração pelo professor e pelos seus trabalhos.
Podem existir criticas, claro que podem, afinal, somos alunos e estamos aprendendo e devemos ser ORIENTADOS a fazer da melhor forma, e acredito que seja isso que os docentes estão confundindo o seu papel, nos tratando mal, ou até defendendo os conceitos que eles usam e empregam (com este determinado professor ficou evidente as tipologias que o mesmo gosta de seguir).

ORIENTAÇÃO não deve soar como CRITICA ainda mais quando existe o excesso de ego e posição de EU SOU O PROFESSOR e voces meros e ignorantes alunos.

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Marina Araújo 2 de novembro de 2016 - 13:28

Sem dúvidas. Concordo plenamente.
Abs,

Marina

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Demi 8 de maio de 2017 - 18:03

Muito bom seu texto, acho que nós alunos de arquitetura passamos por provações como alunos e seres humanos tratando com outras pessoas, porque a arquitetura é isso você saber ler os sonhos de uma geração…
Na minha turma aconteceu algo muito diferente do normal, fizemos um trabalho de extensão que foi se distanciando da realidade e além disso os professores pediram uma atividade x que foi imposta aos alunos e a comunidade final da historia: os professores postaram fotos da atividade x e deixaram de lado TODAS as outras atividades, então os alunos da turma se revoltaram escreveram relatórios e discutimos com os professores em sala de aula, eu particularmente achei algo rico quando o aluno oprimido se desprende das amarras do medo e expõe sua situação, amo seu site parabéns!!!

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Nana 23 de maio de 2018 - 11:53

Já vivi situações horríveis dentro da sala de aula. No meu primeiro ano ouvi um professor me dizer que era hora de pensar se era esta a profissão que queria para a minha vida, devido a uma pergunta a qual ele disse que se recusava a responder, pois eu já deveria saber aquilo. Já presenciei alunos saindo chorando da sala de aula e nunca mais retornarem ,pois não conseguiam lidar com a má educação de nossos tão “queridos e educados” professores. Já presenciei situações de uma professora dizendo que o “tal” erro de um aluno era uma ofensa aos profissionais de arquitetura e urbanismo. Hoje estou formada, mas carrego a sensação de insegurança, de que não estou apta para aquilo, pois foi isso que ouvi várias vezes nos 5 anos que passei na faculdade. Professores desencorajando alunos e os tratando como se não fossem capaz de seguir esta carreira.
Óbvio que há professores e professores, e muitos deles são exemplares. Porém, infelizmente há uma minoria que consegue marcar negativamente a vida de seus alunos.

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Marcela 7 de maio de 2019 - 18:20

Meu TCC foi traumatizante, carrego as sequelas até hoje. Minha apresentação foi no final de 2017 e não gosto de me lembrar daquele dia mas enfim, foi no auditório da faculdade na presença de alunos de outras turmas e dos nossos professores. Eu sabia que o projeto tinha defeitos, porém não daquela forma que os professores apontaram… Acredito que os erros deveriam ser pontuados e estava pronta pra receber as criticas construtivas, jamais ouvir “o projeto de vocês está indo para o abismo” coisas desse tipo. Por tras daquele projeto haviam pessoas que se dedicaram, que perderam noites de sono, que sacrificaram momentos com a família, tiveram gastos, entre outras coisas que só quem é estudante de arquitetura sabe! Sem falar nos estresses que creio eu que faltou só um pouco pra eu enlouquecer! Não estou exagerando, eu só senti que eu já estava no limite quando subi naquele palco para apresentar o tal projeto que ” caminhava para o abismo”. Foi um dos momentos mais humilhantes da minha vida e eu saí em prantos porque eu pedia para o professor para de falar e ele não parava. Eu me senti a pessoa mais incompetente. Meu grupo também sempre era dos ultimos a receber atendimento do nosso orientador, uma desordem pois uns grupos ficavam mais de uma hora com o professor enquanto outros dez minutos. Eis aqui o meu desabafo!

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Marina Araújo 20 de junho de 2019 - 15:06

Que triste vc ter passado por isso…

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Thalita 16 de junho de 2019 - 21:27

Estou vendo esse texto seu anos depois. Mas aconteceu comigo uma situação parecida com uma professora. Eu estava em um semestre de urbano, e faltei perdendo uma atividade de 10 ptos. Quando eu e uma amiga falando com ela na semana seguinte, que não sabíamos dessa atividade por ter iniciado o semestre uma semana depois, a professora começou a gritar com a gente de uma forma na frente de todos. Gerou um silêncio. Els gritava e gritava e gritava. Ao ponto que nós duas choramos. Ninguém entendeu. Mas conversamos com o coordenador do curso, com a reitora da Universidade. Os anos foram passando e ela foi desligada ano passado. Motivo: Reclamação de outros alunos devido ao comportamento.

Mas é isso, realmente acontece muito nas faculdades. Infelizmente. Também não vou ser assim.

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