Há pouco mais de uma semana o portal do ArchDaily divulgou o resultado do projeto pré-selecionado para a criação de uma moradia estudantil na Unifesp Osasco. O projeto selecionado foi o apresentado pelo escritório  Hereñú + Ferroni Arquitetos, que levou o primeiro lugar propondo uma moradia estudantil que se conecta ao entorno e criando um pátio central que fornece duas fachadas ao edifício, fornecendo um ambiente doméstico e acolhedor aos estudantes.

O que me chamou bastante atenção nesse projeto foi que, claro, além da proposta ser extremamente madura e muito bem planejada em termos de Arquitetura, houve um processo muito cuidadoso na criação das imagens representativas do projeto. Nesse post eu vou dar 10 dicas de representação gráfica utilizando como exemplo a representação feita pelo escritório vencedor do concurso:

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

1º: Eles conseguiram criar uma perfeita combinação entre a cor do edifício e a cor das figuras humanas, colocando-as em escala de cinza já que a tonalidade do próprio edifício era pouco saturada.  Veja que a tonalidade do céu e do sol também não são contrastadas, já que isso poderia criar uma certa incoerência com a cor apresentada no edifício e nas figuras humanas.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

2º: As figuras humanas além de estarem quase por completo em tons de cinza, possuem um efeito blur e transparência. Nisso fica claro que a intensão é que, apesar de o edifício de encontrar em segundo plano, ele é o elemento principal da imagem.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

3º: O foco principal está no edifício. Veja que mal se vêem os edifícios ao redor. Também quase não se vêem figuras humanas no exterior do edifício, demostrando que este se encontra em um terreno um pouco isolado da cidade e que a pretensão é que as pessoas fiquem dentro do edifício ou no arredor dele.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

4º: Há uma jogada muito boa entre destacar o edifício e colocar o entorno em escala de cinza. Essa na verdade é uma jogada que a maioria das pessoas utilizam para representar o entorno e que nunca falha. Tendemos sempre a olhar para o que está colorido do que o que está em cinza.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

5º: Uso do preto para elementos em destaque: Veja que nessa imagem é visível que se deseja mostrar que esses ambientes serão de fato utilizado pelas pessoas, já que foram colocados em preto. O preto é uma cor ousada. Só se usa quando realmente deseja chamar a atenção do leitor para aquele determinado elemento. E nessa imagem está claro que são as pessoas. E como eu não posso deixar de comentar, eles utilizaram novamente a mistura de cores e cinza para determinar o que está em primeiro e segundo plano.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

6º: O uso de cores nas plantas: Tudo bem, tenho certeza que muita gente odeia fazer isso. Mas dar cores aos ambientes em planta ajuda muito na compreensão de uso dos espaços. Não precisa ser uma cor muito forte, veja que eles utilizam cores claras mas que são perceptíveis. Isso faz toda diferença na leitura da planta. Lembrando de uma informação básica que toda planta tem que ter (atenção calouros): Indicação do norte.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

7º: Representação da vegetação: Essa é uma dica importante: Tente colocar um pouco de transparência nas árvores. Veja que nas plantas as árvores estão bem claras, quase em segundo plano. Isso faz com que o leitor tenha uma leitura mais clara da planta. Outro elemento que você pode deixar um pouco transparente são os objetos do mobiliário. Isso porque tem que haver uma hierarquia entre o corte da parede e o mobiliário. O da parede tem que ser sempre mais forte do que o do mobiliário. Tirando que isso facilita bastante a leitura da planta. Então, dica de amigo: Use transparência no mobiliário (ou um cinza claro) para deixar a planta mais limpa e fácil de ser lida.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

8º: Perspectivas explodidas: Sempre muito úteis! Não existe meio melhor de representar um ambiente com todos os seus elementos do que uma perspectiva explodida. Também é muito válido quando se deseja mostrar a materialidade e a técnica construtiva aplicada no projeto. Existem diversos meios de fazer isso, o revit faz, o sketchup também. Apesar de que na minha opinião o sketchup é melhor para esse tipo de representação.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

9º: Diagramas: Representação essencial de qualquer bom projeto. Gente, diagramas são os desenhos mais fáceis e mais informativos que podemos fazer em um projeto! É algo tão simples de ser feito mas tão importante em um projeto… Um bom livro que destaca essa questão é o “Architectural Diagrams”. Leia esse livro. Depois de ler ele você verá o quanto diagramas são importantes na representação gráfica de um projeto.

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

Crédito da imagem: Hereñú + Ferroni Arquitetos

10º: Lembre-se sempre: Uma boa representação é aquela que é possível expressar toda a complexidade de um projeto apenas com imagens. É aquela em que o cliente consegue olhar e entender, sem ter que ler um texto enorme falando sobre o projeto. O texto é importante? Sim, ele é fundamental para descrever o conceito do projeto. Mas a representação gráfica, como o próprio nome diz, é gráfica. É expressado através de desenhos, cores e diagramas. Então faça o melhor proveito possível dessa ferramenta. Saiba como representar o seu projeto da melhor forma possível.

E sabe qual é a melhor dica desse post? Faça o que um professor meu disse: Monte sua prancha e pergunte à sua mãe se ela entendeu. Se ela entender, é porque você soube como representar o seu projeto! haha (se sua mãe for arquiteta não vale, hein?!)

Então é isso gente! Eu espero que essas dicas ajudem vocês na representação do seus projetos.

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Abs!

Marina 🙂