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Guia útil sobre como fazer um Portfólio de Arquitetura

por Marina Araújo

Quem vem me acompanhando nas redes sociais de uns tempos para cá sabe que eu venho passando por um processo de aplicação para um mestrado no exterior. Acho que a grande maioria dos arquitetos recém-formados passam por um processo depois que terminam a faculdade onde vem um turbilhão de pensamentos sobre o que fazer, para onde ir, quem sou eu, o que eu vou fazer com esse diploma… Comigo não foi diferente. Eu me formei em julho do ano passado e de lá para cá eu tenho buscado me encontrar, hoje eu sinto que comecei a trilhar meu caminho como arquiteta e eu creio veemente que todos precisam trilhar seus próprios caminhos e arriscar-se nas próprias escolhas.

Agora que eu retornei ao blog eu quero compartilhar com vocês toda essa minha trajetória pós faculdade. Eu pensei muito sobre o que escrever e contei com a ajuda de vocês lá no meu instagram. Muitos de vocês pediram para eu falar sobre o meu portfólio (que foi o meu projeto mais recente), eu espero nesse post esclarecer o máximo de dúvidas com relação à esse tema e por fim, estimulá-los a darem o melhor de seu potencial em um projeto que demostra o melhor que vocês tem como estudantes de arquitetura/arquitetos(as).

Eu resolvi como de costume dividir esse post em tópicos para tornar a leitura o mais didática possível. Vamos lá:

 

O começo: Estratégias eficazes para você definir o perfil do seu portfólio

Quando eu pensei em fazer o meu portfólio, eu levantei algumas questões:

  • Quanto tempo eu teria para fazê-lo
  • Qual seria o meu público alvo (leitor/avaliador)
  • Quantos projetos eu iria apresentar
  • Quais projetos eu iria apresentar
  • Qual estilo e formato de apresentação eu iria utilizar

Basicamente eu coloquei em ordem aqui embaixo todos os processos que eu enfrentei nesta lista. Vamos dar uma olhada em todos eles:

OBS: O meu portfólio está em inglês, ainda não tive coragem de refazer ele em português.

 

1. Quanto tempo você tem para fazer o seu portfólio

Tempo é o primeiro fator que você precisa avaliar ANTES de começar a fazer o seu portfólio. Quanto eu fiz o meu eu levei em torno de 3 semanas para fazer um portfólio com 71 páginas. Isso considerando que eu trabalhei todos os dias. Antes de começar eu fiz um esquema de tempo por projeto. Inicialmente eu queria apresentar 7 projetos, considerando que para cada projeto eu levaria em média 3 dias. O problema é que depois de fazer 2 projetos eu vi que eu estava levando em média 5 dias para cada projeto. Como eu tinha um prazo para enviar o meu portfólio, eu resolvi retirar 2 projetos da minha lista.

Dica: Seja consciente e escolha os melhores projetos que já estejam encaminhados. Se você escolher aquele projeto do terceiro período feito à mão que ainda precisa ser feito no cad, repense o prazo e o tempo que você vai levar para fazer o seu portfólio.

 

2. Qual o seu público/leitor/avaliador

Isso é algo que você precisa levar em consideração e que está diretamente relacionado à escolha dos projetos. Eu estou aplicando para o mestrado em Design de Interiores, então o meu foco era mostrar projetos que explorassem detalhamento e que tivessem um bom projeto de interiores. Se o seu foco é urbanismo, mostre projetos de urbanismo, se o seu foco é interiores, mostre projetos de interiores, se o seu foco é arquitetura em geral, mostre os seus melhores projetos de arquitetura.

Eu comecei o meu portfólio apresentando um projeto de uma casa na árvore. Inclusive já falei sobre esse projeto aqui no blog.

Resumindo: Demostre interesse sobre o tema de quem vai te avaliar. Isso é muito importante.

 

3. Quantos projetos você deve apresentar

Eu pesquisei bastante sobre quantos projetos apresentar. A maior parte da minha pesquisa foi feita no issuu. Eu vi que a grande maioria apresentava entre 5 e 10 projetos. Pensei em ficar dentro dessa média e finalizar o meu portfólio entre 70 – 100 páginas (o que já era bastante coisa).

Lembre-se de apresentar a quantidade correta: um portfólio com poucos projetos pode demonstrar desinteresse ou falta de conteúdo mais aprofundado sobre os projetos, enquanto que um portfólio com muitos projetos pode demostrar uma falta de seleção/organização e hierarquia na hora das escolhas sobre quais projetos apresentar.

 

4. Quais projetos você deve apresentar

Sabe aquele projeto que foi bem avaliado? Sabe aquele que você teve prazer em ter feito, aquele que te dá orgulho de uma vez na vida ter se sentido alguém? Então, é esse projeto que você apresentar.

A escolha dos meus projetos levou em consideração esses dois fatores: avaliação e identificação pessoal com o projeto. Isso quer dizer que nem todos os projetos que eu tirei nota boa foram para o meu portfólio por simplesmente eu não ter me identificado com eles, seja pelo tema, seja pela experiência que eu tive com o grupo ou professores. Pode parecer bobagem mas acredite, ao fazer o portfólio você vai vivenciar novamente a experiência que você teve ao fazer aquele projeto. Então para o bem do seu psicológico, escolha projetos que te deram prazer de serem feitos. Isso vai fazer toda a diferença. Outra coisa que eu fiz foi hierarquizar os projetos da escala micro para a macro. Eu não levei em consideração o período em que foram feitos e sim a escala que foram feitos. Essa foi a minha organização final (projeto/período/matéria):

1º projeto: 9º período (Projeto Executivo)

2º projeto: 7º período (Projeto de Interiores)

3º projeto: 4º período (Projeto de Arquitetura)

4º projeto: 6º período (Projeto de Arquitetura)

5º projeto: 10º período (Trabalho Final de Graduação)

A minha dica é que você escolha projetos que definam quem você é como estudante/arquiteto(a). Eu por exemplo, gosto bastante da parte de interiores, detalhamento e arquitetura em geral e apesar de ter feito projetos de urbanismo, eu não coloquei nenhum projeto dessa área no meu portfólio.

Não atire para todos os lados. Escolha o que você mais gosta e invista em uma boa forma de apresentar isso. No final isso vai fazer a diferença.

5. Qual estilo de apresentação usar

Esse provavelmente é o tópico mais importante desse post. A parte gráfica.

Não é de hoje que eu venho pesquisando sobre estilos de apresentação em portfólios de arquitetura. Antes de começar a fazer o meu eu busquei diversas inspirações para compor o meu próprio estilo. Essas foram as minhas conclusões:

1. Eu resolvi trabalhar com o formato quadrado

Eu queria apresentar a primeira página dos projetos em um formato horizontal. Se eu trabalhasse com o formato quadrado em teria uma boa horizontalidade para trabalhar (juntando duas páginas). Também pesquisei portfólios nesse formato e eles me agradaram bastante, principalmente pela liberdade maior de diagramação. Sendo assim, esse foi o formato que eu escolhi.

2. Eu padronizei o programa utilizado nos renders principais

Tinha uma questão que me incomodava bastante: como eu fui aprendendo e aprimorando o uso nos programas durante a faculdade, eu terminei com vários tipos de representação gráfica dos meus projetos, porque toda vez eu eu apresentava um projeto eu experimentava um tipo diferente de programa/apresentação. Para o meu portfólio eu já sabia que teria que refazer todos os projetos no programa que eu escolhesse, para criar uma unidade na forma de apresentação. Desta forma eu decidi utilizar o Lumion para os renders principais porque bastava eu exportar do Revit o 3D e aplicar os materiais no Lumion. Era algo relativamente rápido.

Você pode saber mais sobre esse projeto clicando aqui

3. Eu escolhi quais seriam os programas secundários/de apoio

Para os diagramas gerais dos projetos eu resolvi trabalhar com o Sketchup porque a maior parte dos diagramas que eu tinha feito durante a faculdade tinham sido nele. Foram poucos os que eu tive que fazer do zero.

Para a diagramação do portfólio eu utilizei o Photoshop. Não porque é a melhor ferramenta para isso, mas porque é a ferramenta que eu tenho mais domínio. Para a finalização do PDF eu utilizei o Indesign, pois com ele é possível criar o PDF  de forma leve e organizada.

Diagramas feitos no Sketchup e renders feitos no Lumion

4. Eu escolhi um tema para as páginas que não eram de projetos

Isso também é um aspecto importante. Se você analisar as páginas do portfólio que não são de projetos, vai perceber que eu usei texturas em quase todas elas. Isso porque eu amo trabalhar com texturas e no meu portfólio não seria diferente. Outra decisão que eu tive foi de manter as cores preto e branco em todo o resto do portfólio, centralizando as cores somente nos projetos. Com isso eu criei uma identidade e dei ênfase maior para as páginas dos projetos.

Páginas iniciais

5. Eu coloquei cabeçalho e rodapé

Algo que eu acho engraçado é que a maioria dos portfólios não possuem cabeçalho e/ou rodapé. Acho que as pessoas esquecem o quão importante isso é, principalmente em uma apresentação de diversos projetos. Lembre-se que quem nunca viu os seus projetos está tendo contato com eles pela primeira vez através do seu portfólio, então é muito importante que você indique ao leitor onde ele está. Para isso basta colocar o título do projeto e se você quiser, indicar no rodapé de qual projeto se trata. No meu caso, eu pesquisei um pouco e vi que existia um “padrão” nos portfólios de fora: eles sempre tinham um título e depois um subtítulo, indicando sobre o que se tratava arquitetonicamente aquele projeto. Como o meu portfólio era para fora, eu pensei em trabalhar na mesma maneira. No rodapé eu indiquei somente o subtítulo.

6. Eu usei margens

Isso é o mais importante na hora de diagramar! Eu vejo muitos portfólios sem margens, o que visualmente torna a leitura cansativa e quebra a hierarquia e organização dos textos e imagens. As margens são fundamentais quando se trata de fazer um livro ou e-book. Nunca esqueça delas. Eu trabalhei com as margens nos cantos, as margens dos textos e as margens do títulos. Usei a mesma para todos os projetos, independente da quantidade de textos, imagens ou diagramas. Para os textos, eu dei prints em alguns portfólios que eram do mesmo formato quadrado e sobrepus no photoshop, para ver o tamanho médio das fontes. Isso me ajudou bastante.

7. Eu apresentei o meu currículo na primeira página

Algo importante de se colocar na maioria das vezes é o currículo. Durante o sétimo período eu lembro de ter feito um “protótipo” de portfólio e eu lembro de receber algumas críticas por ter colocado o meu currículo no final. Hoje eu realmente vejo que colocar no início é a melhor decisão, porque assim você se apresenta ao leitor antes de apresentá-lo seu trabalho.

8. A capa foi a última coisa que eu fiz

A capa é a parte mais difícil do portfólio. Ela tem que ser impactante e ao mesmo tempo concisa, demostrando o potencial do portfólio e o que o leitor pode esperar encontrar ao abri-lo. No meu caso eu apresentei na capa o meu principal projeto (TFG), só que eu queria estingar o leitor a saber mais sobre o projeto, por isso não apresentei um render e sim uma forma geral dele. O efeito foi feito basicamente no photoshop, eu coloquei a imagem do render em preto e branco, inverti as cores e apliquei um modo de mesclagem na camada, resultando nesse efeito que vocês vêem na capa.

9. Eu não fugi do tema principal

Quando pensamos em fazer um portfólio queremos colocar tudo o que temos de melhor. Isso inclui colocar aquele projeto de design gráfico que você fez, aquele banner bacana, aquele desenho maravilhoso que todo mundo curtiu.

Tudo isso é muito legal mas lembre-se que o portfólio é de arquitetura. Você pode (e deve) apresentar esses projetos adicionais, mas hierarquize eles para quem sejam secundários. Isso quer dizer que você deve evitar apresentá-los da mesma forma que apresentou os projetos de arquitetura. No meu caso eu amo desenhar e trabalhei nos últimos anos como designer gráfica e web designer. Sendo assim eu apresentei de forma resumida em duas páginas os meus projetos. Se alguém tiver que se interessar pelo seu trabalho, acredite, com o pouco que você mostrou essa pessoa vai entrar em contato com você.

 

Bem, é isso! Esses foram os pontos principais que eu resolvi compartilhar aqui no blog. Eu realmente espero que com essas dicas vocês possam desenvolver o portfólio de vocês sem medo. Eu fiz um vídeo sobre esse portfólio falando sobre outras questões, caso você queira ver esse vídeo basta clicar aqui. Também compartilhei ele no issuu, vou deixar linkado aqui e abaixo:

 

 

Lembrando sempre que se você gostou desse post basta dar um like aqui embaixo!

Abs e até a próxima

Marina

 

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12 comentários

Sarah Helena 18 de abril de 2019 - 19:05

Obrigada Marina por me dar um norte na montagem do meu portfólio. Procurar na internet é bem complexo porque existe vários formatos e ficamos fascinados com cada um deles e perdemos o foco.
Parabéns pelo canal no YouTube, Instagram e seu site.
Boa sorte no seu mestrado! Tenha várias ideias para compartilhar!

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Amanda Matias da Silva 7 de agosto de 2019 - 23:29

Adorei o post, você explicou muito bem e embora eu tenha feito um rascunho de portfolio vou começar de novo com suas dicas e com seus vídeos no youtube sobre diagramação que estão m ensinando muito. Por isso muito obrigada por esse conteúdo maravilhoso <3

Uma duvida: qual o tamanho das folhas do seu portfólio? E eu percebi q é dividido em duas paginas, você fez uma só e depois de imprimir dobrou no meio ou algo assim, ou vc fez elas separadas e depois juntou?

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Marina Araújo 9 de setembro de 2019 - 16:27

EU fiz juntas de 2 em 2 páginas, o tamanho de cada página eu fiz com 23x23cm! 🙂

Reply
Jonatas Sousa 7 de janeiro de 2020 - 23:30

Olá Marina. Ótimo post! Estou começando o meu portfólio, quando você usou esse formato, os desenhos técnicos vc colocou em qual escala? Ou vc só reduziu o tamanho deles no photoshop para caber no formato da folha?

Reply
Marina Araújo 29 de maio de 2020 - 23:08

Eu usei escala gráfica para ajudar os desenhos ao formato da folha. Abs!

Reply
Laís Piovesan 23 de janeiro de 2020 - 17:57

Olá Marina, tudo bem?
Adorei seu conteúdo e gostaria de saber se você utizou o Windesign para seu portifólio e se sim, como conseguiu com que as imgens não perdessem a qualidade?

Obrigada desde já!!!

Reply
Marina Araújo 29 de maio de 2020 - 23:08

Oie! Usei o Indesign para a organização das pranchas e exportação em PDF. A qualidade não se perdeu porque eu criei as imagens em alta resolução no photoshop e depois joguei nas páginas do InDesign. Abs!

Reply
Maria Eduarda 28 de março de 2020 - 22:15

Incrível! Apaixonada pelos projetos e pelo design do portfolio. Parabéns!!

Reply
Priscila 8 de julho de 2020 - 21:49

Oi Marina tudo bem, adoro suas apresentações!! Queria saber se em um portifolio eu posso modificar meus projetos, digo a forma como apresenta-los, por exemplo, fiz um trabalho bem interessante no 2ºperiodo mas o 3d dele é bem ruim ja que tava bem no começo, posso melhorar a apresentação sem modificar o projeto em si?
Obrigada

Reply
Marina Araújo 28 de outubro de 2020 - 16:52

Claro que sim! A ideia do portfólio é apresentar o seu trabalho da melhor maneira possível, se você tem a chance de melhorar, com certeza!!

Reply
Paulo 25 de agosto de 2021 - 15:48

oi mariana, lindo portifolio…
estou com uma duvida pertinente, gostaria de saber como vc fez para juntar 2 folhas de 23cm para que ficasse como livro aberto,
qual programa usou para criar os pdf?

Reply
Marina Araújo 25 de julho de 2022 - 13:27

Usei o InDesign!

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